segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sonhos



Foto: Catarina Oliveira

SONHOS
(Rita Costa)
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Tantas vezes,...
num fechar de olhos,
consegui atravessar o mar.
Sonhando,...
visitava um passado, que também é meu.
Lá,... caminhava, admirando colinas,...
andei por ruas,...
passando sobre pontes cheias de histórias;
sempre em busca da pequenina casa
de pedras gastas
que, por fora, parecia fria;
mas, ao entrar,... quanto calor eu sentia;
às vezes, até escutava frases
ditas de forma ligeira,
que eu achava impossível entender;
mas o riso da criança que corria pela cozinha
conhecia muito bem.
Fechando os olhos, imaginava o que ele queria.
O pequeno menino só queria brincar;...
sem saber que, um dia,
teria sonho igual ao meu:
atravessar aquele mar
para também seu passado reencontrar.
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Leia também:
Alma de Poesia /Gritos Verticais /Natureza Poética /O Poema de Cada Dia /Poética Herética /Raiz de Cem /Sons de Sonetos

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Chão de Jasmins


Foto:Tuli Nishimura

CHÃO DE JASMINS
(Rita Costa)

Nem bem o calor do sol
pudera secar totalmente
o sereno da madrugada,
um farfalhar de piaçava
anunciava
que havia alguém
espalhando os perfumes
da calçada,
varrendo as poesias
jazidas da noite.
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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sublime



Foto:Kedralynn

SUBLIME
Rita Costa)

Mais-que-perfeita,
tua frase em mim
faz-se explícita
e a recíproca verdadeira
cala em meu peito toda dor.

Mas guardo no silêncio
as palavras que, de súbito,
tornam-se infinitas
para que esperem nosso tempo,...
cada uma, a sua vez
de verterem permissivas
da minha alma,
por minhas veias, meus poros
e em minha boca,...
unindo-se ao teu nome,
que tantas vezes sussurrei.
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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Poesia em Átimos






















My First Bird Shot - Casharry

POESIA EM ÁTIMOS
(Rita Costa)

Existe sempre
a possibilidade
de se perpetuar em poesia
o inesperado que compõe
a paisagem da hora.
Embora no universo
tudo aconteça em ciclos,
há sempre uma escolha,
apesar de chegarem
e partirem as palavras.


Até mesmo em manhãs
que antecedem o inverno,
uma simples ave,
na intenção de pousar
sobre um telhado de zinco,
ao cruzar o céu cinzento
com seu rítmico balé,
expõe um instante poético.

Porém,...
para que se perpetue
a alma de uma imagem
que a poesia delineia
é preciso preencher
a horizontalidade dos versos,
com a amplitude
do sentimento vívido,
no segundo em que
nos permitimos
caber no silêncio instaurado
do próprio olhar.
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